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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

A César o que é de Braga

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013



A entrevista que Eduardo Braga deu ontem ao blog do jornalista Robert Lobato foi uma levantada de bola. Uma preparação de terreno. Um abre alas para que o vereador pudesse desfilar. No fim das contas, a matéria soa mais como peça publicitária do que propriamente um trabalho jornalístico. 
A artimanha é inteligente. Afinal, sair em um blog “famoso” da capital confere certa legitimidade ao protagonista e ao assunto. E se isso acontece na véspera de o parlamentar presidir a sessão de abertura da Câmara o efeito midiático ainda é maior. O leitor poderia perguntar: mas que interesse poderia ter um blogueiro de São Luís por um vereador de Chapadinha? Resposta: zero! Nenhum. A menos que esse vereador fosse do PT, que conhecesse Washington Luís e que o jornalista fosse ligado ao vice-governador. Mas esse é o lado superficial da coisa. O melhor ainda está por vir. 
A parte mais importante da matéria não foram as críticas rescaldadas à administração  (como a questão do decreto de emergência e o suposto relacionamento ruim entre Executivo e Legislativo). A cereja do bolo é quando o jornalista pergunta se o PT tem projeto de disputar a prefeitura em 2016. A resposta de Braga aqui é sintomática: “Tem que ter. É isso que eu defendo abertamente desde já”. E, ao contrário do que aparenta, revela um projeto não do PT – já que este em sua maioria está afinado com o atual governo -, mas pessoal do vereador. 
Eduardo Braga pretende ser uma alternativa política nas próximas eleições. Quer se viabilizar como futuro candidato a prefeito. Talvez o próximo nome de uma quase sepultada terceira via. Suas palavras revelam que, para isso, o vereador não hesitaria em atropelar o partido e seus quadros locais mais importantes. Daí o “tem que ter...” Na verdade, isso já aconteceu antes. Não custa lembrar: se dependesse dele, o PT estaria hoje fora do governo, sem nenhuma força. Enfim, teria sido arrastado para o suicídio político. 
No fundo, é a possibilidade de uma futura candidatura que está levando o parlamentar a uma oposição sistemática ao governo municipal. Trata-se menos de uma preocupação com "juventude, educação e questões sociais" do que uma tentativa de se projetar como um nome alternativo. É do jogo? É. Mas será que essa andorinha consegue alçar voo? 
Vejamos: do ponto de vista meramente eleitoral, não se pode dizer que sua atuação foi louvável. Apesar de duas secretarias trabalharem por sua candidatura, ele só obteve 863 votos, ficando em nono lugar na disputa, o que pode ser considerada uma votação medíocre em comparação com outros candidatos e com candidatos do próprio PT, como o vereador Manim, que obteve 1.135 votos. 
Além disso, como diria Drumond, “há uma pedra no meio do caminho...” Na verdade, há muitas pedras no meio do caminho do noviço rebelde. A maior delas chama-se Dulcilene Belezinha. Com um governo ainda no início, mas já acertando o passo, a prefeita está ficando  cada vez mais forte. Natural, portanto, que queira a reeleição. Já o grupo de Isaías investe em Charles Bacellar e - caso Isamara seja eleita deputada - essa hipótese de lançar o atual secretário pode se concretizar. Isso tornaria a briga pelo poder local coisa de “cachorro grande”, com pouco ou nenhum espaço para um pequenez. 
Resta saber se o PT local vai dar guarita a esse projeto do pretenso César da Chapada ou se vai colocar Braga no seu devido lugar. 
Ivandro Coêlho, professor e jornalista.

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