“Hoje
em dia as pessoas já não respeitam nada. Antes, colocávamos num
pedestal a virtude, a honra, a verdade e a lei...”. O trecho acima faz
parte das declarações de Al Capone ao jornalista Cornelius Vanderbilt
Jr., em entrevista publicada na revista Liberty, no dia 17 de
outubro de 1931, pouco antes de Al Capone ir para a prisão. Retirei isso
do livro “De pernas pro ar – a escola do mundo ao avesso”, do escritor
uruguaio Eduardo Galeano.
Ao reler o texto, lembrei-me de algumas figuras da nossa província. De
um jeito ou de outro, também temos os nossos pequenos Al Capones. É
certo que eles não têm o mesmo charme, nem a mesma inteligência
criminosa do “Poderoso Chefão”. Mas, pelo menos no
discurso, guardam grandes semelhanças com o mafioso de Chicago: sempre
carregado de um falso moralismo. Sempre reivindicando o respeito a
virtudes que jamais praticaram.
Alguns
deles estão incrustados em órgãos públicos, no parlamento e na mídia. E
fazem do tráfico de influência, do exibicionismo e do flerte com o
poder político sua arma principal. Detestam quem se mete em seus
negócios. Quando não conseguem calar seus adversários pelo suborno,
procuram cercear a liberdade de expressão pela agressão verbal, física
ou pela via judicial. Esse é o seu método. Essa é a sua prática.
Esta semana, incomodados com as críticas que vêm sofrendo, deram declarações espalhafatosas e grotescas à imprensa. E ameaçaram levar seus inimigos às barras dos tribunais. Eis o que alguns estudiosos chamam de "inversão de valores". Ou seja: enquanto cidadãos de bem correm o risco de enfrentar os rigores da Lei, batedores de carteira, cheiradores de coca, políticos corruptos e outros delinqüentes estão aí fazendo festa. É, caro leitor, às vezes parece que o crime compensa.
Esta semana, incomodados com as críticas que vêm sofrendo, deram declarações espalhafatosas e grotescas à imprensa. E ameaçaram levar seus inimigos às barras dos tribunais. Eis o que alguns estudiosos chamam de "inversão de valores". Ou seja: enquanto cidadãos de bem correm o risco de enfrentar os rigores da Lei, batedores de carteira, cheiradores de coca, políticos corruptos e outros delinqüentes estão aí fazendo festa. É, caro leitor, às vezes parece que o crime compensa.
Ivandro Coêlho, professor e jornalista.
Fonte: Blog Café Pequeno
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