Ora, ora!
Quem diria: o blogueiro mascarado resolveu entrar para o time dos
humilhados e ofendidos. Acostumado ao jornalismo subserviente, do tipo
“sim senhor, patrão!”, ele se queixa da acidez da minha pena. A cena
pode até ser comovente, mas comigo não cola. Queria eufemismo para sua
picaretagem? Sinto muito, mas sou do time do Marcelo D2. Para mim,
“safado é safado, de humilde à malandragem”. Ponto final.
O curioso é que o bom samaritano nunca teve o menor pudor em maquiar
doze anos de falcatruas de seus ex-chefes. Quando desfrutava as benesses
do poder, esse ser de sensibilidade aguda jamais demonstrou comoção em
relação ao drama nos hospitais da nossa província, por exemplo. Ao
contrário, chegou a fazer piadinhas sobre a comida servida aos
pacientes. Mesmo tendo sua marmita fartamente saciada pelas arcas da
viúva.
Felipe Pondé tem um nome para esse tipo de gente: “monstro moral”.
Incapaz de se indignar. Incapaz de sentir remorso. Incapaz de sentimento
de culpa. Mas isso não vem de agora. No passado, ele e seu provedor
foram achincalhados em público pelo índio botocudo de aldeias altas. E
qual foi a reação desse guardião da honra e da moral alheia? Beijou
vergonhosamente os pés de seu algoz. E ainda o chamou de patrão “bom
demais”.
É por essas e outras que ele acabou virando porta voz número um da
canalha local. Tido como “inteligentinho” pelos canibais, quem o conhece
de perto sabe que esse Schopenhauer de pizzaria tem horror a qualquer
coisa que implique esforço mental: fez filosofia, mas só o necessário
para citar Marx pela Wikipedia; estudou Direito, mas só o suficiente para dizer data vênia; flertou com o jornalismo, mas só o bastante para escrever um lead.
O que ele gosta mesmo, caro leitor, é de sombra e água fresca. De uma
rede velha com cheiro de mofo. Por isso nunca se formou em nada. A única
arte em que o blogueiro mascarado é perito é a da bajulação.
Ultimamente, dizem as más línguas, ele foi contratado pela turma do
Zazá. Sua missão é fazer a imagem da aspirante a deputada e seu genitor.
Por isso vive repetindo, todos os dias, freneticamente: “Grande líder!
Grande líder!”.
Uau! Isso é que eu chamo de evolução: de militante petista a carregador
de bandeirolas do comitê 43. E do comitê 43 para a cozinha da dondoca. É
assim, caro leitor, que esse falso moralista ganha a vida. É assim, de
cozinha em cozinha, que ele vai adquirindo volume. Para quem embarcou
nessa conversa mole de menininho magoado, fica aqui um lembrete: tudo
não passa de uma farsa. De vigarice de quem tem muitas máscaras.
Ivandro Coêlho, professor e jornalista.
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