QUARTA-FEIRA, 6 DE FEVEREIRO DE 2013
As críticas ao carnaval de Chapadinha – já disse isso antes - são hipócritas. São hipócritas – estou dizendo novamente - porque não atingem a essência do problema: o modelo de folia adotado aqui. Esse tipo de festa, com trios elétricos e grandes bandas, foi implantado ainda no governo de Magno Bacelar. Mas é uma diversão cara. E dá margem à corrupção. Ao desvio de dinheiro. Querem discutir seriamente carnaval? Então falemos disso.
Agora, usar discurso oportunista sobre a publicação de um decreto para tentar impedir a realização de uma festa popular é uma canalhice. Canalhice ainda maior é querer jogar o ônus de uma decisão desse tipo nas mãos da prefeita. O argumento utilizado por blogueiros da oposição e encampado por alguns porras-loucas é o seguinte: se a prefeitura decretou estado de emergência, não seria um disparate realizar o carnaval gastando 570 mil? Não, não é. E vou mostrar por quê.
Os tolos e os ingênuos poderiam pensar: finalmente alguém preocupado com as contas públicas, com a cidade, com as questões sociais. Mas atenção: nenhum – repito, nenhum! - desses paladinos da moralidade administrativa se indignou ou quis saber onde foi parar o dinheiro dos convênios feitos entre a Secretaria Estadual de Cultura e a gestão anterior. Como todos sabem, o governo de Danúbia torrou quase um milhão de reais e não prestou contas. Resultado: o município não pode realizar novos convênios, pois está inadimplente.
Ah! Quer dizer então que é um absurdo a prefeitura gastar 570 mil no carnaval, mas é absolutamente normal o governo anterior surrupiar um milhão de reais em convênios? É um disparate a prefeitura fazer esforço para realizar a maior festa popular da nossa história, mas é perfeitamente aceitável os governos Magno e Danúbia desviarem 14 milhões do INSS? Ora, caro leitor, eis a prova de que a questão não é de natureza ética, moral ou econômica A discussão aqui é política. E diz respeito à mesma turminha do contracheque que agora está fora do "esquema".
Quando mamavam nas tetas da viúva, esses parasitas jamais questionaram gastos. Ao contrário, elogiavam. E ainda faziam apologia ao chefe de plantão. Em 2012, por exemplo, a prefeitura gastou cerca de 1,7 milhões no carnaval. Algum desses querubins saiu por aí bradando que isso era um contrasenso? Um disparate? Claro que não. Muitos deles estavam ocupados nos camarotes oficiais, enchendo a cara e posando para as fotos. Ou então jogando confete nas lambanças de seus patrões.
O problema é que a farra acabou. Para esses justiceiros de ocasião, a quarta-feira de cinzas chegou mais cedo. Daí a choradeira. Daí o denuncismo barato e superficial. Esses são os fatos, caro leitor. O resto não passa de discurso de quem nunca saiu do palanque. De quem ainda não assimilou a derrota acachapante nas urnas. De quem tem interesse contrariado. Enfim, de quem mistura carnaval com hipocrisia.
Ivandro Coêlho, professor e jornalista.
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