JAPA

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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Conversa ao pé do rádio


Toda vez que leio ou ouço algo do ex-trombadinha do INSS sinto uma vontade irresistível de puxar o gatilho – que aqui pode ser traduzido como aquele fiozinho que separa o vaso sanitário da caixa d’água do meu banheiro. É preciso estômago para suportar tanta excrescência. 

Ontem, numa conversa ao pé do rádio, o oráculo da Malhada demonstrou toda sua “civilidade”. Toda sua “educação”. Todo seu “bom combate”. Chamou-me de “blogueirinho vagabundo”, “cantorzinho safado” e outras delicadezas. Isso menos de 24 horas depois de ter escrito que eu era da Al Qaeda eletrônica. Sim, caro leitor: ele havia me chamado de terrorista.

Também declarou - sem provas, é claro! - que eu comi no prato de Magno Bacelar por oito anos. Na sua lógica enviesada, seria um demérito para mim ter supostamente estado do lado que ele sempre esteve. Não é lindo isso? Pois bem. No final, ainda me chamou pro mano a mano. Uau! Já estou imaginando a luta do século: eu, com minha caneta bic; ele, com um berrante extraído da própria testa. Dana White não sabe o que está perdendo. Comprem logo seus ingressos, meninos!

O leitor quer saber o que provocou tanta ira no bezerrinho da Malhada? Resposta: algumas linhas que escrevi a respeito de sua biografia – um exemplo de retidão e moralidade. Pelo visto, o “blogueirinho vagabundo” conseguiu tirar do sério o grande e inimputável oráculo. Pelo visto, o “cantorzinho safado” fez o “dotô adevogadu” perder as estribeiras. Pelo visto, o “anarquista desastrado” fez o Conselheiro Acácio revelar sua verdadeira identidade. 

Fazer o quê? Todo mundo tem seu vício. O de algumas crianças é o vídeo-game. O de alguns adultos é o futebol. O meu – que ora sou adulto, ora sou menino travesso – é perseguir o trombadinha. Tem gente que passa o dia todo cheirando cocaína. Eu passo o dia todo na tela do computador caçando o ex-batedor de carteira do INSS. Meu papel é farejar suas pegadas pelo facebook. Rastrear seus passos pelos blogs. 

Tentei buscar explicação para isso numa música de João do Vale. Eu sou o carcará. O trombadinha é o burrego. Minha função é puxar-lhe o umbigo até matar. O umbigo do trombadinha é o roubo ao INSS. É sua fuga da Polícia Federal. É sua impossibilidade de exercer plenamente seus direitos políticos. É sua ficha-suja na Justiça Eleitoral. É seu analfabetismo. Sua ignorância gramatical. Sua falta de cultura.

Na verdade, o trombadinha em si não me interessa. O que importa são os instintos malignos que ele pode despertar nas pessoas: o mau caratismo, a venalidade, a patifaria. Com essas características, o ex-batedor de carteiras do INSS simboliza a regressão ao estado de natureza, ao vale-tudo da consciência, à promiscuidade ideológica na nossa província.

É por isso que esse “pistoleiro” aqui tem obsessão em combatê-lo. Mesmo sabendo que ele vai continuar sua carreira de delinqüente. Mesmo sabendo que essa fênix do esgoto vai renascer da lama. Portanto, não adianta dar chilique. Nem berrar em ondas sonoras. Sinto muito, burrego, mas vou continuar puxando seu umbigo. Seguindo seu rastro. Expondo suas vísceras. Pronto! Agora o “blogueirinho vagabundo” já pode descansar. Fui.

Ivandro Coêlho, professor e jornalista.
Fonte: Café Pequeno

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