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sábado, 16 de fevereiro de 2013

A última quimera do Braga


 

Ivandro Coêlho, professor e jornalista.


Quase ninguém assistiu ao “formidável enterro da última quimera” de Eduardo Braga. Dos 15 parlamentares que compõem a Câmara, apenas 06 compareceram à sessão solene de abertura dos trabalhos de 2013, realizada na tarde de ontem (15). Entre os faltosos, 04 são da oposição. Resultado: apesar da falsa expectativa, a primeira reunião presidida por Braga foi um fiasco. 
O leitor quer saber o motivo de tanta ausência? Não, não foi a chuva torrencial que caiu no dia. Segundo fontes do próprio parlamento, o que levou os vereadores do governo e da oposição a não comparecerem à Casa do Povo teria sido uma entrevista que Eduardo Braga concedeu ao jornalista Robert Lobato, de São Luís. Na matéria, Braga atacava fortemente a administração municipal, ao mesmo tempo que se apresentava como “um novo quadro dentro do PT”, ignorando lideranças históricas do partido - como Manim, Paiva e outros.
A atitude de Braga desagradou a gregos e troianos. A maioria dos parlamentares teria considerado a entrevista desastrosa e precipitada. Do lado governista, estranhou-se o estilo gillette do parlamentar: nos bastidores, distribui afagos ao governo e acena com a possibilidade de compor a base; em público e nas redes sociais, bate pesado na prefeita. Ora, essa mania de cortar dos dois lados – oposição e governo – causaria desconfiança até em seus colegas de tribuna. Para eles, só na poesia soam bem coisas do tipo “a mão que afaga é a mesma que apedreja”. Em política é diferente.
Do lado da oposição, a iniciativa de Braga também não foi bem aceita. Pelo menos três parlamentares oposicionistas teriam achado que a entrevista não passou de exibicionismo. Por isso não quiseram dar audiência ao espetáculo oportunista do vereador. Segundo uma fonte da prefeitura, o descontentamento teria sido demonstrado – via telefone - até por lideranças estaduais como Monteiro, o vice-governador Washington Luís e José Antônio Helluy. Todos eles têm boas relações com Belezinha e apoiaram a aliança do PT com o grupo da prefeita durante as eleições. 
Outro que também não teria gostado nada foi o presidente do PT e secretário de assistência social, Paiva, que assistiu ao vereador falar em nome do partido, antecipando questões políticas e eleitorais sem autoridade para isso. Pela lógica, em casos como esse, só quem teria legitimidade para falar em nome do PT é seu presidente. O mal estar entre os membros do partido foi tanto que teria levado a executiva e o diretório municipal a marcarem reunião para discutir o assunto. 
Resumo da ópera (melhor dizer, comédia): o teatrinho montado por Eduardo Braga para se autopromover não teve audiência. Diante da ausência constrangedora de quase todos dos vereadores, ficou evidente o desprestígio do parlamentar entre seus pares. Abandonado à própria sorte, só lhe restou “a ingratidão - esta pantera”. Como diria Augusto dos Anjos: “Acostuma-te à lama que te espera!”. 
Ivandro Coêlho, professor e jornalista.


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