Na verdade, Isaías não está nem um pouco enfraquecido. Muito menos injustiçado. Sua base eleitoral e seu prestígio permanecem intactos. Com uma diferença: agora ele dispõe de três das principais secretarias – administração, educação e saúde – para fazer o que mais gosta - política - e, ao mesmo tempo, tentar turbinar a candidatura de sua filha Isamara. O que mais queria?
Outra coisa: a oposição diz que falta autonomia para gerenciar recursos da saúde. Embora seja um exagero, nesse aspecto a prefeita está mais do que certa: deve mesmo acompanhar e controlar os gastos. Um exemplo: no primeiro mandato, Magno deu total liberdade ao gestor de saúde e o resultado todos já sabem: um rombo de 1, 2 milhões nos cofres públicos, um vereador "espoca urna" e um processo no Ministério Público Federal.
Mas o problema aqui não é falta de autonomia, já que o atual secretário tanto pode contratar como adquirir equipamentos. O que não se pode admitir é que um órgão seja transformado em trampolim para uma candidatura. Muito menos seja usado como escoadouro de recursos para garantir caixa de campanha. O descontentamento talvez esteja aí, uma vez que Belezinha, ao que parece, não estaria permitindo isso.
Quanto ao argumento de que Belezinha só foi eleita devido ao prestígio político de Isaías - e que, portanto, lhe deve total gratidão -, há novamente exagero e malícia. Ora, se é verdade que não se ganha eleição sem popularidade, também é verdade que só se vence um processo eleitoral com estrutura financeira e uma ficha limpa. Prova disso é que Isaías, mesmo com todo o prestígio, foi derrotado duas vezes por Magno e uma por Danúbia. Ou melhor: no último caso, pela Justiça Eleitoral.
Além do mais, existe uma diferença entre gratidão e subserviência. Entre perdas e ganhos, Belezinha, no fim das contas, teve muito mais prejuízos do que ganhos. Se não, vejamos: foi traída e humilhada em plena posse. Está sendo achincalhada pelos quatro cantos da cidade pela oposição e - o que é pior! - por aliados. Além disso, ainda está assumindo todo o ônus dos entraves administrativos provocados por irresponsabilidade de gestões passadas. Então, senhores, quem está na boa?
Já os que tentam classificar o secretário de obras como o "todo-poderoso do governo" querem simplesmente provocar discórdia e queimá-lo politicamente. Aluísio é apenas alguém que está contrariando interesses de pessoas que, no fundo, gostariam de estar em seu lugar. Portanto, caro leitor, é preciso cuidado para não embarcar em falácias. Essa história de querer vitimizar Isaías e crucificar Aluísio e a prefeita revela apenas o desejo de quem aposta no pior.
É certo que as divergências existem, não há dúvida. Mas isso ocorre em qualquer lugar. Principalmente em governos com uma composição tão heterogênea como é o de Belezinha. No fundo, é até bom para a sociedade que as diferenças venham à tona, porque permitem ver de perto os bastidores do poder. Antes não havia isso. Tudo era maquiado por uma cortina midiática e tinha-se a impressão de que o governo era coeso e transparente. Pura ilusão.
Se não existe consenso atualmente, nem por isso se pode dizer que o governo está esfacelado, perdido. Muito menos que existe uma trama maquiavélica para expulsar Isaías e seus partidários da prefeitura. Ou, ainda, que ele estaria sendo desprestigiado e injustiçado. Nada disso. Se alguém duvida, basta observar os fatos para perceber o óbvio: não se trata nem de uma coisa, nem de outra.
Ivandro Coêlho, professor e jornalista
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