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terça-feira, 19 de agosto de 2014

Querer, dever e poder

Marcos Nascimento (Revista Melhor)
Não há nada mais estratégico do que a manifestação da ética dentro das relações organizacionais! E o que devemos considerar nessa discussão é a análise do “quero + devo + posso”. A ética é o conjunto de princípios e valores que utilizamos para responder a essas três perguntas. E isso não é novo! Para os que não sabem, isso é até bíblico: o apóstolo Paulo, em uma de suas epístolas, escreve “tudo me é lícito (…) mas nem tudo me convém”. Ou seja, posso fazer qualquer coisa, mas não devo fazer qualquer coisa. O interessante é que nunca se falou tanto sobre o tema como na última década. E esse “falatório” todo culminou com a “formalização” do tema.
De tanto falar, passamos a documentar o que significa e como se deve agir para sermos éticos. A criação de códigos de conduta, carta de princípios e outros documentos é o resultado de tanta falácia. Mas tem mais: as áreas conhecidas como compliance, que surgem para analisar ações, decisões, comunicações e outras questões e dar um veredicto para dizer se você está compliance ou não com as práticas, políticas e procedimentos. Em última instância, se você está agindo de forma ética. Exagero? Sempre irá depender do contexto em que você está inserido. Mas que estamos vivendo um momento em que a espontaneidade está se perdendo, a criatividade está sendo bloqueada e soluções inovadoras não surgem mais com tanta frequência, isso posso afirmar. E posso afirmar também que esse fato impacta profundamente a manifestação da estratégia.
Digo isso porque em minhas andanças organizacionais, tratando do processo de alinhamento de lideranças, invariavelmente temos enfrentado o tema como sendo a pauta de discussão. E uma de suas vertentes (e também pilares) é o que temos mais discutido: relações de confiança. Confiança de que o dito será feito, de que o acordado será cumprido, de que o que precisa, deve e pode, será feito. Ou seja, que a ética se manifeste em todas as relações, como um processo vital… como o ar necessário para que esse “corpo decisório” siga vivo e saudável. E tudo isso é necessário? Sim e a razão é que as três perguntas anteriores precisam ser respondidas sempre (quero? posso? devo?).
Uma reflexão final sobre o tema: por que você é “ético”? Apenas duas opções: pela razão de ser ético; ou pela consequência de não sê-lo. Se você o é pela opção um, está baseado em princípios e valores e você é um algoz da restauração da ética. Se você o é pela segunda opção, está baseado em normas e procedimentos, o que pode, em último caso, degradar a revolução que tem buscado resgatar as relações básicas, em que se fazia a coisa certa, com o recurso certo, na hora certa, com as pessoas certas. É como já disseram: não existe jeito certo de fazer a coisa errada. A pergunta é: o que você, no seu campo de atuação, tem feito para que o certo aconteça? Lembre-se de Paulo: você pode fazer tudo, mas será que deve? Ao refletir, tenha certeza de que estará sendo extremamente estratégico para sua organização!

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